Nossa existência toda é pontilhada de acontecimentos – alguns, felizes; outros, amargos.
E os que trazem tristeza são às vezes tão dolorosos que nos fazem baquear, vacilar, diminuir o ritmo
– isso quando não nos fazem até desistir.
Pois a vida é como se fosse uma prova, um jogo do qual bem pouco conhecemos as regras: em cada esquina, uma surpresa, um desafio.
É impossível prever o que nos aguarda na próxima curva: se uma donzela gentil a nos oferecer flores e sorrisos, ou um feroz inimigo, pronto a cortar nossa garganta com sua navalha afiada.
Podemos passar a vida lutando, com todas as nossas forças, resistindo sempre, mesmo sabendo que, algum dia, pereceremos
– ou podemos simplesmente desistir e, covardemente, entregar os pontos antes de nossa hora.
O pior, no entanto, é vivermos a vida com tanta preocupação de enfrentar o inimigo que não consigamos distingui-lo do amigo; é sentirmos tanto medo da violência e da morte que nos descuidemos da paz e da vida ...
O pior é a angústia contínua , a suspeita permanente que em todas as esquinas o inimigo nos espreita com sua navalha na mão.
É ficarmos tão treinados para a guerra e o desamor, que não percebamos as tréguas que a luta as vezes nos oferece.
O pior é não repararmos que apesar dos perigos, o destino também nos reservou boas coisas.
Pois se é certo que cada minuto traz no seu bojo uma armadinha, também é verdade que muitas vezes o acaso nos brinda com pequenas e inesperadas alegrias.
Em certas esquinas da vida, se observarmos com atenção, avistaremos de quando em quando, uma encantadora donzela de cuja boca talvez brote um lindo sorriso, de cuja as mãos talvez brotem rosas perfumadas.
