Embora nasçamos todos da mesma forma, alguns de nós vem ao mundo com uma estranha e exacerbada capacidade de sentir.
Há pessoas que são verdadeiros estopins de emoção: uma simples canção as comove, um pôr–do-sol as arrebata, uma cena de filme é capaz de arrancar-lhes lágrimas sentidas.
Pessoas sensíveis são, de certa forma, seres humanos privilegiados, pois enxergam belezas e encantos no mundo que outras criaturas, mais voltados para o lado prático da vida, não conseguem enxergar.
No entanto, se ser sensível é de certo modo uma benção, não deixa de ser também um martírio.
O mundo é, às vezes, especialmente perverso para uma pessoa delicada.
Quando somos sensíveis demais e não percebemos nossa peculiar necessidade de proteção, estamos fadados a sofrer muito nesta vida.
Pois a verdade é que, no justo instante em que vimos ao mundo, começamos a enfrentar uma bateria de provas e desafios que não senão no dia de nossa morte.
A cada passo, encontramos um motivo para descrer do semelhante.
A cada fracasso, um incentivo para desistir.
Para alguém desprovido de sentimentos, a vida já seria uma parada indigesta; que dirá, para alguém sensível.
É claro que ninguém é frágil porque quer.
Mas, ainda que não consigamos mudar completamente nossa natureza, temos pelo menos a obrigação de, reconhecendo nossa fragilidade, aprender a nos defender.
Temos que levar em consideração, que para os insensíveis, é incompreensível nosso modo de ser, devemos aceitar o momento de cada um e não desistir jamais da dávida recebida por sermos assim.